dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     27/04/2024            
 
 
    

Os cultivos dedicados à produção de biomassa (dedicated energy crops) podem promover grandes ganhos com a geração de energia renovável, principalmente em regiões de origem tropical e subtropical, devido a grande disponibilidade de energia solar, bem como de terras agricultáveis e recursos hídricos, condições estas encontradas no Brasil.

Dentre estes cultivos se destacam dois tipos: (1) florestas energéticas, especialmente composta por espécies de rápido crescimento como o eucalipto e (2) gramíneas semi-perenes, como a cana-de-açúcar (cana-energia) e o capim-elefante, que possuem elevada eficiência fotossintética na fixação do carbono atmosférico por apresentarem metabolismo do tipo C4.

Os principais usos da biomassa como insumo energético são: produção de energia térmica (carvão vegetal, lenha e resíduos agroflorestais), energia mecânica (álcool combustível e biodiesel utilizados em motores a combustão) e energia elétrica (combustão direta, gaseificação e queima de gases, dentre outras tecnologias). Os altos teores de lignina e de celulose da biomassa são desejáveis para sua utilização como combustível sólido no processo de combustão, por duas razões principais: (a) alto poder calorífico devido ao elevado conteúdo de carbono na lignina e (b) pelo fato de as plantas lignificadas manterem-se viáveis, podendo ser colhidas tardiamente, mesmo com baixo conteúdo de água em seus tecidos.

Estudos com diversas gramíneas semi-perenes usadas como culturas energéticas vêm sendo realizados em diversos países, sendo que tais plantas diferem quanto ao potencial produtivo, às propriedades físico-químicas da biomassa, às demandas ambientais e às necessidades de manejo. Dentre as mais estudadas nos Estados Unidos e na Europa temos: Panicum virgatum (“Switchgrass”), Miscanthus spp. (Miscanto), Phalarisarun dinacea (capim-amarelo) e Arundo donax (cana-do-reino). No Brasil, o capim-elefante (Pennisetum purpureum) tem sido alvo deste tipo de estudo, a maior parte deles com foco na sua utilização como combustível sólido, principalmente para produção de pellets e bioeletricidade. No entanto, estudos laboratoriais e em escala piloto também têm constatado as potencialidades da biomassa de capim-elefante para a produção de etanol de segunda geração (2G).

A habilidade de produzir acima de 40 toneladas anuais de biomassa seca por hectare, o que corresponde ao dobro da biomassa produzida pelo eucalipto, faz com que o capim-elefante passe a ser visto como opção, e até mesmo solução para os programas de agroenergia baseados no uso da biomassa vegetal.

O capim apresenta vantagens em relação às demais fontes de biomassa, dentre elas: maior produtividade, menor ciclo produtivo (6 meses), melhor fluxo de caixa e possibilidade de mecanização total do cultivo. As aplicações energéticas atuais desta gramínea são a combustão direta, a gaseificação, o carvoejamento e a hidrólise do bagaço (produção de etanol). Algumas empresas já utilizam o capim-elefante como matéria-prima para a produção de pellets e briquetes (lenha ecológica), como é o caso da Navitas do Brasil Comércio e Investimentos Ltda.

Os desafios atuais das pesquisas com o capim-elefante visando o seu uso como matéria-prima para a produção de energia renovável são: desenvolver e avaliar genótipos promissores e trabalhar os aspectos referentes à otimização do seu sistema de produção nas regiões com potencialidades de cultivo.

A produção de matérias-primas energéticas alternativas e renováveis através da biomassa vegetal pode ser um dos grandes trunfos brasileiros no que diz respeito à geração de energias limpas, contribuindo com a mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE) derivados de fontes energéticas de origem fóssil, que além de finitas são altamente poluentes.

De acordo com o Balanço Energético Nacional 2012, a biomassa foi a segunda fonte de geração de energia elétrica no Brasil em 2011, quando respondeu por 6,6% do total de energia gerada, havendo predomínio do bagaço da cana-de-açúcar e do eucalipto como principais fontes de matéria-prima.

O setor sucroalcooleiro desempenha um papel importante no cenário energético brasileiro por meio da produção do etanol para consumo veicular e na venda de energia elétrica para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Atualmente, o setor tem passado por mudanças, o que têm impulsionado a procura por fontes alternativas de biomassa para produção de energia, onde além da obtenção de açúcar e etanol, buscam-se materiais com grande potencial para produção de biomassa na geração de energia (usinas de energia).

Tradicionalmente, as usinas utilizam o bagaço da cana-de-açúcar como fonte de matéria-prima para a produção de energia elétrica. Esta tecnologia é denominada cogeração e é aplicada visando à autossuficiência energética das usinas. O calor liberado pela combustão do bagaço nas caldeiras produz vapor de alta pressão, que é utilizado para mover turbinas e gerar energia elétrica. Das 427 usinas produtores de açúcar e álcool existentes no Brasil, 133 unidades de 15 diferentes estados brasileiros comercializam eletricidade. A maior parte das usinas que vendem energia para as concessionárias de energia elétrica está localizada em São Paulo (70), Minas Gerais (16), Alagoas (10), Pernambuco (7), Goiás (6), Paraná (6) e Mato Grosso do Sul (5). A cogeração também é negócio para duas usinas em Sergipe, Mato Grosso e Rio Grande do Norte. Já no Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Pará e Paraíba apenas uma usina comercializa bioeletricidade.

Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
EDINALDO VASCONCELOS
11/01/2013 10:02:26
Muito pertinente ao momento atual, esta "Matéria" desperta grande interesse pelos fatos técnicos citados,e muito mais interessante, pelo fato de a Cultura ser totalmente mecanizada. Ótima Matéria. Parabéns! Esperamos mais no segmento...

Para comentar
esta matéria
clique aqui
1 comentário
Integração reduz impactos ambientais
Além de emitir menos gás carbônico, lavouras, pastos e florestas integrados minimizam problemas com erosão e degradação do solo
Inseticida combate broca-da-erva-mate sem agredir ambiente
Bovemax, que deve chegar ao mercado este ano, utiliza apenas um óleo vegetal e um fungo que causa doença ao inseto da cultura
Pimenta bode: cheiro forte, frutos uniformes e ideal para conserva
Embrapa Hortaliças vai lançar pimenta em junho, mas sementes só chegam ao mercado para os produtores no ano que vem
Ração de galinhas poedeiras proporciona maior lucratividade na venda de ovos
Diminuição do nível de fósforo reduz custos da mistura
Dica: bê-a-bá da balança rodoviária
O emprego destes equipamentos reduz os custos operacionais e proporcionam agilidade. Para garantir pesagens seguras, no entanto, é importante estar munido de algumas informações.
O uso de maturadores na cultura do café
Alternativa de produto tem o objetivo de, com sua aplicação foliar, promover maior uniformidade da maturação e também a antecipação da colheita de 15 a 20 dias.
Produção de Híbridos na Piscicultura
Tecnologias como a indução hormonal e reprodução artificial, tornam a produção de peixes híbridos uma prática relativamente simples
A pecuária e os gases de efeito estufa
A qualidade da dieta do animal tem forte influência sobre a emissão de metano e é essa uma das principais linhas de pesquisa visando mitigar a emissão de GEE
A maior oferta de carne bovina no mundo depende de nós
Os números recentes da pecuária comprovam que a atividade responde rapidamente aos investimentos
O descaso das autoridades ocasionou prejuízos aos produtores de feijão
O que os produtores desejam são regras claras. Se não há recursos para cumprir as promessas, não as façam. Não induzam a pesados prejuízos os sofridos produtores brasileiros
Nova cultivar de feijão rende de quatro a cinco mil quilos por hectare
Indicada para produtores de PR e SP, a IPR Tuiuiú deve chegar ao mercado em 2011
Embrapa investe em tecnologias sustentáveis para combater doenças na lavoura
A expectativa é que dentro de dois anos novos produtos não tóxicos estejam disponíveis
Fitorreguladores equilibram desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta
Substância reguladora impede que algodoeiro cresça demais, reduzindo os custos de produção em 4%
Inseticidas usam bactérias para combater insetos nas plantações
Produto não agride o meio ambiente, é 100% eficaz e pode ser usado em diversos tipos de cultura

Conteúdos Relacionados à: Agroenergia
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada